✍ Por: José Roberto Alves da Silva
I. INTRODUÇÃO TEOLÓGICA
O dízimo, que significa “a décima parte” (hebraico: ma‘ăśēr; grego: dekátē), é um princípio que perpassa a história da revelação bíblica. Desde os patriarcas, passando pela Lei Mosaica, até o Novo Testamento, o dízimo assume diferentes funções: expressão de gratidão, manutenção do culto e símbolo de fidelidade a Deus.
Contudo, o Novo Testamento traz uma nova perspectiva, não anulando o princípio, mas o reinterpretando à luz da graça.
Tese:
👉 “O dízimo é um princípio divino instituído antes da Lei, regulamentado na Lei de Moisés e reinterpretado no Novo Testamento como expressão de generosidade e fidelidade voluntária, refletindo a graça e não a imposição legalista.”
II. O DÍZIMO NO ANTIGO TESTAMENTO
1. Antes da Lei (Princípio Patriarcal e Universal)
✅ Abraão – Dízimo como gratidão e reconhecimento da soberania de Deus
Gênesis 14:18-20 – Abraão deu o dízimo a Melquisedeque, sacerdote do Deus Altíssimo, antes mesmo da Lei.
👉 “E deu-lhe o dízimo de tudo.”
🔎 Análise: Abraão não deu por obrigação, mas por reconhecimento da vitória que Deus lhe concedera.
✅ Jacó – Voto voluntário de fidelidade
Gênesis 28:20-22 – Jacó prometeu dar o dízimo de tudo que Deus lhe concedesse.
👉 “E de tudo quanto me deres certamente te darei o dízimo.”
🔎 Análise: Um ato de fé e compromisso pessoal, e não um mandamento legal.
2. Na Lei Mosaica (Mandamento Teocrático e Cultual)
A Lei transformou o princípio em regulamento para sustento do culto e do sacerdócio levítico.
✅ Funções do Dízimo na Lei:
1. Sustento dos Levitas e sacerdotes – Números 18:21-24
👉 “Aos filhos de Levi dei todos os dízimos em Israel por herança, pelo serviço que prestam...”
2. Celebração e adoração a Deus (Dízimo das Festas) – Deuteronômio 14:22-27
👉 O dízimo era consumido em festividades religiosas em adoração a Deus.
3. Assistência aos pobres, órfãos e viúvas (Dízimo Trienal) – Deuteronômio 14:28-29
✅ Exortação Profética à Fidelidade:
Malaquias 3:8-10
👉 “Roubará o homem a Deus?... Trazei todos os dízimos à casa do tesouro...”
🔎 Análise: O profeta denuncia a infidelidade como roubo a Deus, destacando a bênção decorrente da fidelidade.
3. Características do Dízimo no Antigo Testamento
Obrigatório dentro da teocracia israelita.
Sustentava a adoração, o templo e os necessitados.
Era, acima de tudo, um ato de obediência e reverência a Deus.
III. O DÍZIMO NO NOVO TESTAMENTO
1. Jesus e o Dízimo
✅ Mateus 23:23 / Lucas 11:42
👉 “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois dais o dízimo da hortelã... e negligenciais o mais importante da lei...”
🔎 Análise: Jesus não condena o dízimo, mas critica a hipocrisia legalista, ensinando que justiça, misericórdia e fé são mais importantes.
✅ Hebreus 7:1-10
👉 O autor mostra que Abraão deu o dízimo a Melquisedeque, apontando para Cristo como Sacerdote eterno.
🔎 Análise: O dízimo é apresentado como um princípio que antecede a Lei e encontra cumprimento em Cristo.
2. A Igreja Primitiva e a Generosidade Voluntária
Embora o Novo Testamento não imponha o dízimo como lei, os crentes eram extremamente generosos.
✅ Atos 2:44-45; 4:34-35
👉 “Vendiam suas propriedades e bens e repartiam com todos, segundo a necessidade de cada um.”
✅ 2 Coríntios 9:6-7
👉 “Cada um contribua segundo propôs no coração; não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria.”
✅ 1 Coríntios 16:1-2
👉 Paulo orienta uma contribuição proporcional e regular, o que preserva o princípio do dízimo, mas sem a rigidez legal.
3. Princípios Neotestamentários de Contribuição
Voluntariedade e alegria – 2Co 9:7
Proporcionalidade e fidelidade – 1Co 16:2
Finalidade: sustento do ministério e dos necessitados – 1Tm 5:17-18; Gl 6:6
IV. TESE TEOLÓGICA
1. O dízimo não foi abolido, mas ressignificado na Nova Aliança: não como lei cerimonial, mas como princípio de gratidão e mordomia cristã.
2. A graça exige mais do que a Lei – quem foi salvo pela graça não deve dar menos do que um judeu dava sob a lei.
3. A Igreja não deve impor o dízimo como “imposto espiritual”, mas ensiná-lo como ato de adoração e fidelidade a Deus.
V. APLICAÇÕES PARA OS CRENTES HOJE
1. Reconheça que tudo pertence a Deus – Sl 24:1.
2. Seja fiel e regular em suas contribuições – 1Co 16:2.
3. Contribua com alegria, não por constrangimento – 2Co 9:7.
4. Lembre-se que dar é adoração – Fp 4:18 (“sacrifício agradável e aprazível a Deus”).
VI. CONCLUSÃO
O dízimo é um princípio eterno de mordomia, não um mero sistema de arrecadação. No Antigo Testamento, era lei nacional e religiosa; no Novo Testamento, torna-se expressão espontânea de amor e gratidão a Deus.
Quem vive pela graça deve ser ainda mais generoso do que aqueles que viviam sob a lei.
"Ora, estes de Bereia foram mais nobres do que os de Tessalônica; pois receberam a palavra com toda avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim." (Atos 17 : 11 - ARA)
quinta-feira, 17 de julho de 2025
sexta-feira, 28 de março de 2025
Romanos 8 - Uma breve explicação.
Romanos 8 é um capítulo fundamental da Epístola aos Romanos, escrita pelo apóstolo Paulo. Aqui está uma explicação teológica sobre Romanos 8:
I. Introdução:
Romanos 8 é um capítulo que trata sobre a vida no Espírito Santo e a vitória sobre o pecado e a morte. Paulo apresenta a ideia de que os crentes em Cristo são libertos do poder do pecado e da morte e são chamados a viver uma vida de obediência ao Espírito Santo.
II. A Lei do Espírito da Vida (Romanos 8:1-4):
Paulo começa o capítulo afirmando que não há condenação para os que estão em Cristo Jesus (Romanos 8:1). Ele explica que a lei do Espírito da vida em Cristo Jesus nos libertou da lei do pecado e da morte (Romanos 8:2). Paulo enfatiza que a lei não pode dar vida, mas que Deus enviou seu Filho para nos dar vida (Romanos 8:3-4).
III. A Mente Carnal e a Mente Espiritual (Romanos 8:5-8):
Paulo contrasta a mente carnal com a mente espiritual. A mente carnal é hostil a Deus e não pode agradá-lo (Romanos 8:7-8). Já a mente espiritual é aquela que está submetida ao Espírito Santo e é capaz de agradar a Deus (Romanos 8:5-6).
IV. A Vida no Espírito Santo (Romanos 8:9-11):
Paulo afirma que os crentes em Cristo não estão mais na carne, mas no Espírito (Romanos 8:9). Ele explica que o Espírito Santo habita em nós e nos dá vida (Romanos 8:10-11).
V. A Herança dos Filhos de Deus (Romanos 8:12-17):
Paulo apresenta a ideia de que os crentes em Cristo são filhos de Deus e têm uma herança eterna (Romanos 8:14-17). Ele explica que o Espírito Santo é o Espírito de adoção, que nos permite chamar a Deus de "Pai" (Romanos 8:15).
VI. A Glória Futura (Romanos 8:18-25):
Paulo afirma que a glória futura é muito maior do que as aflições presentes (Romanos 8:18). Ele explica que a criação está sujeita à corrupção, mas que será liberta quando os filhos de Deus forem revelados (Romanos 8:19-22).
VII. A Oração do Espírito Santo (Romanos 8:26-27):
Paulo afirma que o Espírito Santo ora por nós com gemidos inexprimíveis (Romanos 8:26). Ele explica que o Espírito Santo conhece a mente de Deus e ora segundo a vontade de Deus (Romanos 8:27).
VIII. A Vitória em Cristo (Romanos 8:28-39):
Paulo apresenta a ideia de que todos os acontecimentos trabalham juntos para o bem dos que amam a Deus (Romanos 8:28). Ele explica que Deus predestinou os crentes em Cristo para serem conformes à imagem de seu Filho (Romanos 8:29-30). Paulo conclui o capítulo afirmando que nada pode nos separar do amor de Cristo (Romanos 8:31-39).
Conclusão:
Romanos 8 é um capítulo que apresenta a ideia de que os crentes em Cristo são libertos do poder do pecado e da morte e são chamados a viver uma vida de obediência ao Espírito Santo. Paulo enfatiza a importância da vida no Espírito Santo e a vitória em Cristo.
O que é o Instituto Teológico Theopneustos.
O Instituto Teológico Theopneustos!
O Instituto de Teologia Theopneustos é uma instituição de ensino teológico que busca formar líderes e pastores para o ministério cristão. Aqui estão algumas informações sobre o instituto:
Missão:
A missão do Instituto de Teologia Theopneustos é formar líderes e pastores que sejam capacitados para proclamar a Palavra de Deus e edificar a igreja de Cristo.
Visão:
A visão do instituto é ser uma instituição de ensino teológico de excelência, que forme líderes e pastores que sejam comprometidos com a autoridade da Bíblia e com a grande comissão de Jesus Cristo.
Valores:
Os valores do Instituto de Teologia Theopneustos incluem:
- A autoridade da Bíblia como a Palavra inspirada de Deus
- A importância da formação teológica para o ministério cristão
- A necessidade de liderança e pastoreio eficazes na igreja de Cristo
- A importância da comunhão e do serviço na igreja de Cristo
Cursos:
O Instituto de Teologia Theopneustos oferece uma variedade de cursos, incluindo:
- Teologia Sistemática
- Exegese Bíblica
- História da Igreja
- Pastoreio e Liderança
- Missiologia
Certificações:
O instituto oferece certificações em diferentes níveis, incluindo:
- Certificado em Teologia
- Diploma em Teologia
- Grau de Bacharel em Teologia
Conclusão:
O Instituto de Teologia Theopneustos é uma instituição de ensino teológico que busca formar líderes e pastores para o ministério cristão. Com uma missão clara e valores sólidos, o instituto oferece uma variedade de cursos e certificações para ajudar os estudantes a alcançar seus objetivos.
Em breve, estaremos atuando no ensino presencial e EAD e você será bem vindo ao nosso instituto e teremos prazer em te-lo como aluno.
quinta-feira, 27 de março de 2025
A multiplicação da maldade e o esfriamento do amor.
Comentário Devocional e Teológico sobre
Mateus 24:12
> “E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará.” (Mateus 24:12 - NVI)
1. Contexto do Versículo
Mateus 24 faz parte do chamado “Sermão Profético” ou “Discurso do Monte das Oliveiras”. Jesus está respondendo à pergunta dos discípulos sobre os sinais da Sua vinda e do fim dos tempos (Mt 24:3). Ele descreve um cenário de tribulações, perseguições, enganos e apostasia generalizada.
2. A Multiplicação da Iniquidade
A palavra "iniquidade" aqui é traduzida do grego "anomia", que significa "sem lei" ou "rebelião contra a vontade de Deus". Refere-se a um afastamento deliberado da verdade, da justiça e do amor.
A multiplicação da iniquidade é visível:
Na decadência moral da sociedade
Na banalização do pecado
Na frieza espiritual mesmo dentro das igrejas
Na crescente injustiça social e corrupção
3. O Amor que Esfria
O termo grego para "amor" nesse versículo é "agape" — o amor incondicional, sacrificial, que vem de Deus e deve habitar no coração dos cristãos.
Jesus não está falando do amor do mundo, mas do amor de muitos que creem — muitos crentes perderão o fervor, se desiludirão, se fecharão emocional e espiritualmente diante da maldade ao redor.
É uma consequência espiritual: quanto mais se permite que a iniquidade influencie, menos espaço há para o amor verdadeiro.
4. Aplicações para os Nossos Dias
O esfriamento do amor pode ser visto no aumento da indiferença, da violência, da falta de empatia e até na apatia espiritual.
Muitos deixam de orar, de congregar, de servir e de amar como antes.
A fé se torna mecânica, sem paixão, sem misericórdia.
5. O Chamado de Jesus
Jesus nos alerta para permanecermos firmes:
> “Mas aquele que perseverar até o fim será salvo.” (Mt 24:13)
É um chamado à perseverança, vigilância e amor ativo. Devemos ser diferentes do mundo — sal da terra e luz do mundo (Mt 5:13-14)
Conclusão:
Mateus 24:12 é um espelho para os nossos tempos. Nos lembra que, mesmo cercados pela escuridão, devemos lutar contra o esfriamento do amor, reacender a chama da fé, e praticar o evangelho com compaixão, verdade e justiça.
> “Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.” (Romanos 12:21)
terça-feira, 25 de março de 2025
Theopneustos - o que significa?
"Theopneustos" (θεόπνευστος) é um termo grego que significa "inspirado por Deus" ou "soprado por Deus". Ele é usado para descrever a inspiração divina das Escrituras, especialmente na Bíblia.
Origem:
O termo "theopneustos" é usado pela primeira vez no Novo Testamento, em 2 Timóteo 3:16, onde Paulo escreve:
"Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para instruir na justiça."
Significado:
O termo "theopneustos" sugere que as Escrituras são inspiradas por Deus, ou seja, que elas são uma expressão da Sua vontade e do Seu caráter. Isso significa que as Escrituras são:
- Inspiradas por Deus: as Escrituras são uma expressão da mente e do coração de Deus.
- Úteis para ensinar: as Escrituras nos ensinam sobre Deus, sobre nós mesmos e sobre a Sua vontade para conosco.
- Úteis para repreender: as Escrituras nos repreendem quando nos desviamos do caminho certo.
- Úteis para corrigir: as Escrituras nos corrigem e nos ajudam a voltar ao caminho certo.
- Úteis para instruir na justiça: as Escrituras nos ensinam sobre a justiça de Deus e sobre como viver de acordo com a Sua vontade.
Implicações:
A inspiração divina das Escrituras tem várias implicações importantes:
- A autoridade das Escrituras: as Escrituras são uma expressão da autoridade de Deus e devem ser respeitadas e obedecidas.
- A confiabilidade das Escrituras: as Escrituras são confiáveis e podem ser confiadas como uma expressão da verdade de Deus.
- A importância da interpretação correta: é importante interpretar as Escrituras corretamente para entender a vontade de Deus e para viver de acordo com a Sua vontade.
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